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2014

Broadchurch vs. Gracepoint – O Balanço Final

Gracepoint acabou de acabar e com isso dá para a gente fazer uma comparação final entre a série da rede americana FOX e sua versão original, exibida em 2013 pela emissora britânica ITV. Afinal, o remake valeu a pena ou foi parecido demais para justificar a produção? Atenção: o post contém spoilers das duas séries!
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A história contada foi basicamente a mesma: o assassinato de um menino de onze (em Broadchurch) ou doze (em Gracepoint) anos e como ele abala a pequena cidade litorânea e as pessoas que lá vivem.
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Os personagens envolvidos também foram basicamente os mesmos. O Detetive principal, interpretado em ambas as versões por David Tennant, mudou de Alec Hardy para Emmett Carver na versão americana e, embora nos dois casos tenha sido um detetive ranzinza que não se deixa envolver pela cidade e não permite aproximação dos outros, Hardy parece ser mais extrovertido que Carver, deixando suas emoções mais claras e, como todo bom escocês, gritando todas as suas reclamações para quem quiser ouvir (e quem não quiser também).
Talvez seja por isso que, ao assistir Gracepoint, fiquei com a impressão de que  o Carver chegou no ponto que o Hardy tenta desesperadamente chegar… e também porque sempre achei Hardy um pouco mais vulnerável que Carver.
A parceira dele, Ellie  Miller, pode não ter mudado o nome, mas mudou de atriz (Olivia Colman na versão original e Anna Gunn na versão americana) e também pareceu um pouco diferente em alguns pontos. A minha primeira impressão foi que a Miller americana estava preparada para assumir o papel de detetive principal, coisa que eu não havia sentido com a britânica.
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Em relação aos demais personagens, algumas mudanças também foram feitas, por exemplo em relação ao relacionamento do Rev. Paul Coates e da Beth Solano (falando nisso, o Paul Coates americano é meio estranho). Na versão americana, também tivemos a aparição da filha do Detetive Carver (a filha do pobre do Hardy nem retorna as ligações dele, algo que eu espero que mude na segunda temporada).
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Um dos pontos da história que provavelmente por Gracepoint ter sido mais longa foi bem melhor desenvolvido foi o andarilho (na versão original, era um carteiro) que conversa com Danny um pouco antes de sua morte. Foi lhe dado um nome, foi achado um telefone dele na blusa de Danny e ele foi até o motivo pelo qual Tom Miller desaparece, numa outra história desenvolvida apenas em Gracepoint.
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Mas, apesar de todas as mudanças, a série ficou ainda muito parecida com sua original. De fato, mesmo com essas adições à história, até a metade do último episódio, ela ainda parecia muito próxima da britânica, com alguns diálogos tendo sido somente adaptados para a audiência dos Estados Unidos. Fora que a atuação do elenco em Broadchurch dava de dez a zero nas atuações vistas em Gracepoint, com as exceções de David Tennant (por um motivo óbvio) e de Anna Gunn, que conseguiu o que eu achava que era impossível e me convenceu de sua Ellie Miller.
Porém, alguns pontos positivos devem ser atribuídos a Gracepoint. Em primeiro lugar, a série exibida pela Fox soube lidar muito melhor com o mistério da morte de Danny. O foco foi um pouco mais no suspense e na dúvida sobre quem seria o assassino. Em Broadchurch, o foco muitas vezes era mais no impacto que a morte de Danny Latimer trouxe à comunidade do que o mistério sobre a identidade do assassino.
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Também a maneira como Joe Miller foi tratado na nova versão foi mais decisivo quanto à sua culpa. Não há dúvidas de que, independente do contato impróprio com o menor ter acontecido ou não, Joe é um pedófilo. Porém, em Broadchurch, foi lhe dado o benefício da dúvida, tanto por Hardy quanto pela sua esposa, como se houvesse a possibilidade de que ele nunca teria tentado nada e isso fizesse tudo ficar bem.  Já em Gracepoint, não lhe é dado benefício nenhum e tanto Carver quanto Miller não ficam inventando desculpas para o  seu comportamento em relação ao menino, o que eu acho muito mais certo. gif48
Por fim, mesmo depois de uma confissão de Joe Miller, a bomba que faz Gracepoint tomar um novo caminho: o responsável pela morte de Danny não é Joe e sim seu filho, Tom. Joe acaba por assumir a culpa, mentindo em seu depoimento, para não envolver o filho e por entender que o acidente é sua culpa.
No post sobre o episódio final de Gracepoint, cheguei a comentar que essa era uma das teorias mais populares para Broadchurch, e devo confessar que acredito que esse final é muito mais interessante do que o da versão original. E ainda fica melhor… pois quando Ellie descobre a verdade, ela visita Joe na cadeia para dizer que ele deve manter a sua versão e assumir toda a culpa pela morte do menino, sem comentar com ninguém que Tom estava lá também.
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A reviravolta final de Gracepoint, com Carver percebendo algo de estranho no depoimento de Tom e ligando para Ellie, que simplesmente ignora a ligação, foi o que me deixou com uma vontade danada de ver uma segunda temporada de Gracepoint. Aliás, fica bem claro que mesmo que pareça que essa era uma minissérie, os escritores haviam deixado pontas soltas para emendar numa segunda temporada que não irá acontecer, devido à baixa audiência. Ironicamente, Broadchurch, que ganhou sua segunda temporada antes mesmo de ter acabado a primeira devido a seu grande sucesso no Reino Unido, não estava tão preparada para uma segunda temporada assim.
Colocando todos os pontos positivos e negativos na balança, particularmente, ainda gostei mais de Broadchurch do que de Gracepoint. Eu me senti mais envolvida pelo drama de Broachurch, senti mais pelos seus personagens e não sei, me pareceu mais real em comparação a Gracepoint, por mais que as reações na versão  americana fossem por várias vezes bem mais dramáticas.
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Fora que Alec Hardy me cativou mais do que o Batman Carver; e sim, isso é totalmente possível, mesmo com os dois tendo sido interpretados pelo mesmo ator.
Enfim, agora é esperar pelo dia 05 de janeiro. Alguém aí já percebeu como eu estou feliz e saltitante?
mari
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