07
10
2014

Terças Whovians: Kill the Moon

Kill the Moon foi o sétimo episódio desta temporada de Doctor Who, e foi o primeiro que me deixou, para ser honesta, sem saber o que pensar num primeiro momento. Definitivamente algo que já não acontecia há algumas temporadas.

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Vamos começar com o que para mim foi decepcionante: o Doctor dizendo para a Courtney Woods, uma aluna da Clara de quinze anos, que ela não era importante. Um dos principais fundamentos de Doctor Who é exatamente o contrário, é o Doctor dizendo que todos os humanos são importantes. Embora eu entenda que a idéia é fazer o Doctor mais alienígena, não sei se essa foi uma medida necessária.

Vi muitos posts no Tumblr comparando isso aquela cena do Ten dando uma sonicficada na Donna e dizendo que ela não era importante, mas pára: levando em consideração o contexto, o que o Doctor estava dizendo ali é que a Donna não tinha nada de diferente para justificar um interesse alienígena em sua pessoa. Já com a Courtney, a impressão que dá é que o Doctor simplesmente disparou isso no meio de uma conversa, o que magoou a garota ao ponto da professora dela perceber. E tudo isso para quê? Para dar uma razão para o Doctor levar Courtney e Clara para a lua. Deve existir uma maneira melhor de construir esse gancho, será que não?

Outra coisa… o que o Doctor está fazendo levando uma menor de idade para uma viagem potencialmente perigosa, sem que os pais dela saibam? No Brasil, isso é sequestro, independente do consentimento da menor ou não. Tenho quase certeza que no Reino Unido também. Talvez não tenha sido a melhor das idéias.

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Enfim, o Doctor então leva a Courtney e a Clara para a lua, para fazer a Courtney especial, o que claro, só ele pode fazer, já que é impossível que ela por ela só seja alguém importante. E acabam parando num ônibus espacial que cai na lua, em 2049. Sim, cai… porque a lua agora aumentou tanto a sua massa que tem gravidade.

Investigando o assunto, descobrindo seres que parecem enormes aranhas e são na verdade bactérias unicelulares e que acabam matando dois astronautas que no fim das contas quase passam despercebidos, o Doctor descobre que a lua é um OVO. Sim, e ele está rachando. Uhuuu! Mas o fato de que está rachando e que não teremos mais lua pode ocasionar o fim da vida no planeta Terra. Agora, as coisas não são mais tão uhuuu assim, né?

A idéia de que a lua é um ovo é a cara de Doctor Who. Eu poderia listar vinte pontos para exemplificar como a idéia é ridícula, e como realmente ela não funcionaria dessa maneira, mas como é Doctor Who, vamos chamar isso tudo de licença poética-científica e fingir que tudo bem, ok?

E aí nós chegamos ao ponto crucial do episódio, a escolha que deve ser feita: pode-se matar uma criatura que nem nasceu ainda para salvar a vida dos bilhões de habitantes da Terra? Ainda bem que o Doctor está lá para ajudar, certo? Só que não. O Doctor simplesmente vai embora, deixando Courtney, Clara e Ludvik, a única sobreviventes dos astronautas, para tomar a decisão. Essa decisão não é dele, é uma decisão que a humanidade deve tomar. Ele diz que existem “áreas obscuras” em sua visão do tempo, e que são nesses momentos que grandes decisões são tomadas.

Sem o Doctor, Courtney e Clara tentam encontrar uma solução para salvar a criatura sem sacrificar o bebê que está para nascer. Ludvik é muito clara em sua opinião: a criatura deve morrer para salvar a vida na Terra. Clara, então, resolve pedir ajuda para a humanidade, pedindo para que deixem suas luzes acesas se querem arriscar deixar a criatura viver (a falta da lua ia causar problemas nas marés e nos satélites, mas não seria impossível de se viver – porém, não havia como prever qual seria a atitude da criatura, se iria partir para o planeta para se alimentar, se os pedaços da lua não iriam cair na Terra matando milhões…) ou apagar todas as luzes para matar a criatura.

E a resposta lógica – me desculpem os idealistas de plantão – vem na forma de todas as luzes apagadas. Claro que os habitantes da Terra iam querer viver, não é verdade? Era mais seguro assim. Clara, então, decide ir contra todo mundo e não deixa que Ludvik acione a bomba.

O Doctor então aparece para salvar as três e mostrar o que acontece depois: a criatura nasce, as “cascas” de seu ovo se desintegram, ela vai voando pacificamente pelo espaço (honestamente, quem é esse Pokémon?) e em seguida, claro, bota um ovo. Sim, porque regras físicas e biológicas não se aplicam a Doctor Who.

Quem é esse Pokémon?

Quem é esse Pokémon?

E quando tudo parecia que estava bem… a Clara finalmente explode. Sentindo-se traída pelo Doctor e jogada numa situação daquela magnitude sem o apoio do Senhor do Tempo, ela finalmente fala como se sente, expressa sua insatisfação e coloca tudo para fora. Li algumas pessoas dizendo que era “mi-mi-mi” da Clara e fiquei imaginando que série que elas estavam assistindo.

Primeiro que a reação da Clara foi totalmente justificada. Se eu tinha ficado com raiva do Doctor em The Caretaker, não chegou nem perto do que eu senti aqui. Segundo que eu amei quando ela disse que ele respirava o ar do nosso planeta, andava no nosso solo e nos fazia de seus amigos (coloquei aqui em primeira pessoa porque é exatamente como esse discurso da Clara devia ser ouvido) portanto aquela lua que ele simplesmente não quis dar palpite era a lua dele também. E então ela manda ele embora, para bem longe, numa cena que marcou pela atuação impecável da Jenna Coleman e do Peter Capaldi (mas mais da Jenna, que acabou comandando a situação).

Eu gostei muito das discussões que esse episódio gerou. Fazia tempo que um episódio de Doctor Who não instigava tanto as nossas mentes, e eu sentia falta disso. Vou ser sincera, apesar do episódio ter deixado claro qual era a opção certa e a opção errada, eu com certeza teria apagado minha luz. Existia uma chance em um milhão de que tudo acabasse bem, e ninguém tinha as informações nem para dar outras probabilidades (o Doctor tinha, mas ele foi embora sem dizer nada, afinal a Terra não é o planeta dele… ha, tá ok então).

E se a cena da Clara não existisse, se as atitudes do Doctor tivessem ganho desculpas como parecia ter virado costume nas últimas duas temporadas, acho que teria parado de assistir a série nesse episódio. Mas depois do discurso da Clara, com certeza vou assistir. Estou vendo as atitudes causarem consequências, e é disso que eu sentia tanta falta.

Agora, é esperar para assistir o episódio da semana que vem, com o Doctor… e sem a Clara. mari-transp

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Maria Lourdes
Maria Lourdes
8 anos atrás

You wish… Sem Clara… Era o que eu queria, só que não…