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2014

Em 2015, eu quero…

 Em 2015, eu quero chegar a ser um pouco mais parecida com quem realmente sou. Chega de me deixar de lado, chega de colocar minhas vontades para trás, chega de dizer “tudo bem” e não dizer o que realmente sinto. Que 2015 seja um ano de descobertas. Que 2015 seja um ano de menos medo.
Em 2015, eu quero parar de ouvir tanta besteira machista. Quero não ter mais que chorar de raiva ao ouvir comentários estúpidos como o do Bolsonaro, que independente do contexto, somente dissemina a ideia de que usar o estupro como frase de efeito não só é normal, como é legal. Quero ver comentários como esse terem consequências e não serem varridos para debaixo do tapete e esquecidos daqui a alguns meses.

Em 2015, eu quero que todas as pessoas tenham dignidade. Que ninguém tenha que subir se arrastando para dentro de um avião. Que ninguém tenha que ser julgado por isso, ainda mais por pessoas que não conhecem a história inteira. Que ninguém tenha que ser carregado escada acima para fazer a prova do ENEM, e que todos tenham acesso à necessidades básicas, como um banheiro que esteja adaptado para a sua utilização. Quero menos gente estacionando nas vagas reservadas para pessoas com deficiência. Não, nem por um minutinho.
Em 2015, eu quero que as pessoas parem de perder tempo com discussões idiotas. Honestamente, ninguém nunca vai ganhar o argumento “iPhone vs. Samsung Galaxy” ou “Nutella vs. Paçoquinha Cremosa”. Que cada um escolha seu preferido e ponto final.
Em 2015, eu não quero mais passar vergonha. Seja o caso Petrobrás, seja o fato de que o governo não faz os repasses combinados para a educação, mas está sempre aumentando os salários de deputados e governadores… isso me faz ficar envergonhada de ser brasileira. Eu amo meu país e ver ele sendo manchete internacional por esse tipo de coisa me mata de vergonha.
Em 2015, eu quero ver minhas personagens femininas sendo respeitadas por seus criadores. Chega de mulher estar só lá para ser o interesse romântico do personagem principal. Aliás, vamos ter mais personagens principais femininas? E não contando somente sua história romântica, por favor. Romance pode fazer parte da história do personagem, mas se é uma mulher, parece que muitas vezes a história se restringe ao romance, como se sua existência só pudesse ser validada pela presença de um homem. Chega.
Em 2015… Ah, em 2015 eu quero ler mais. Tragam-me livros em que a diversidade seja algo a ser celebrado. Tragam-me livros com personagens homossexuais, bissexuais e assexuais. Que venham livros com personagens com deficiência, com personagens muçulmanos, judeus… Em que a moçinha seja asiática, em que o personagem principal seja negro e dono de uma multinacional. Chega de mais do mesmo. Vamos trilhar caminhos diferentes na literatura.
Em 2015, eu quero mais felicidade. Mas não essa felicidade padrão que a gente vê na tv. Eu quero aquela felicidade que é pessoal, que muda para se encaixar no universo de cada um. E quero que cada um respeite a felicidade do outro.
Obrigada por fazer parte do meu 2014! E que em 2015 estejamos juntos, vivendo um ano ainda melhor!
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1 Comentário
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Maria Fernanda
Maria Fernanda
9 anos atrás

Você é sensacional!