29
03
2013

Acabei de Ler: The Stone Rose – Jacqueline Rayner

Essa resenha provavelmente só vai fazer sentido se você já tiver uma idéia geral do que é Doctor Who e assistido alguns episódios. E se você ainda não sabe… por favor, vá atrás de conhecer. Doctor Who é uma das minhas paixões, aquele tipo de série que encanta de um jeito que você passa a querer saber tudo sobre ela.

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Enfim, uma das coisas que mais gosto em Doctor Who é ver como a série se espalha para outras mídias, não ficando restrito apenas a série de TV: você tem aventuras em áudio (produzidas pela Big Finish), tem as histórias em quadrinhos e as aventuras em livros, o que basicamente quer dizer, para mim, duas grandes paixões juntas. Não preciso nem dizer que estou indo atrás dos livros e lendo um atrás do outro, né?

O melhor deles que eu li até agora é o The Stone Rose, uma aventura estrelada pelo Décimo Doctor (ok, traduzindo da maneira correta, seria Décimo Doutor, mas eu não consigo chamar o Doctor de Doutor – isso é antipatriota?) e pela sua companheira nas viagens (de novo, tenho que me controlar muito para não chamar simplesmente de companion) Rose Tyler.

Em The Stone Rose, o Doctor e sua Rose vão parar na Roma Antiga depois que encontram uma estátua da deusa Fortuna que é igualzinha a Rose exposta no British Museum, e então eles voltam àquele tempo para garantir que a estátua seja esculpida e não seja criado um paradoxo. Ou seja, apenas mais um dia de trabalho na vida do Doctor.

Mas claro que, se falando de Doctor Who, as coisas nunca seriam tão simples assim. Chegando lá, logo o Doctor e a Rose se veem envolvidos na busca de Gracilius ao seu filho, Optatus. O menino de dezesseis anos desapareceu sem deixar vestígios, e a única coisa que os pais tem para mostrar aos outros como era a aparência de Optatus é uma estátua impressionantemente realista feita pelo escultor prodígio Ursus.

Para encontrar Optatus, Doctor e Rose contam com a ajuda da escrava que pode ver o futuro Vanessa. Mas será que Vanessa é apenas uma escrava romana com dons especiais ou esconde alguns segredos?

A história é bem interessante, e conta com muitos elementos corriqueiros em Doctor Who. Muitas idas e vindas no tempo, tecnologias do século 23 aparecendo na Roma Antiga… é cheio de lógica Who, uma lógica que nunca daria certo explicar para quem não conhece esse universo, mas que dentro de Who faz todo o sentido do mundo. Tem cenas de ação e de aventura muito boas e mistério na medida certa para te fisgar do começo ao fim.

Agora, o que eu mais gostei mesmo nesse livro foi a maneira como Jacqueline Rayner escreve seus personagens. Como Doctor Who é uma série de tv, os escritores que se propõem a escrever histórias de Doctor Who utilizam personagens cujas características já foram determinadas pelos escritores dos episódios da série exibida na televisão. Porém, como a história é bem particular do escritor, pode acontecer de eles errarem a mão (pensando bem, eu consigo lembrar de um episódio da série em que o escritor errou a mão porque não leu o script do episódio anterior, mas tudo bem), mas isso não acontece nesse livro.

O Doctor de Jacqueline Rayner é o décimo Doctor interpretado pelo David Tennant na série, a Rose é a mesma personagem que a gente assiste interagir com o Doctor, interpretada pela Billie Piper, e mesmo personagens secundários como Mickey Smith e Jackie Tyler foram escritos como o seriam na TV. O feito se torna mais impressionante quando descobrimos que esse livro foi um dos três livros de aventuras do décimo Doctor lançados três dias antes da exibição do primeiro episódio de David Tennant no papel principal da série. Ou seja, o livro foi escrito apenas um pouco depois dos scripts, e sem a autora ter a completa noção de como o personagem ia ficar na série.

As interações entre o Doctor e a Rose também são perfeitas, ainda mais para aqueles fãs de Doctor/Rose (como esta que vos escreve – oi!). Nesse livro você tem muitos momentos entre os dois que demonstram bem a relação entre os dois, naquela ambiguidade que te deixa na dúvida: afinal, é ou não é? E aí eu deixo para vocês decidirem o que é e o que deveria ser. Eu tirei minhas conclusões, mas já ouvi tantas idéias…

Para ajudar um pouquinho nas suas idéias, aí vai mais um fato que acontece nesse livro e que faz dele um dos livros preferidos dos fãs de Doctor/Rose: esse é o livro que o Doctor beija a Rose, de maneira inequívoca, quando ela o destransforma (provavelmente um neologismo meu) de seu status de estátua. Seria simplesmente um beijo para comemorar poder se mexer de novo? Ou seria algo mais profundo? Ou seria simplesmente um beijo de alívio?

Ah, e eu não sou muito chegada em audiobooks, mas o The Stone Rose é lido por ninguém menos que David Tennant e vale muito a pena ouvir ele fazendo as vozes e o sotaque. É impressionante ouvir o livro sendo lido com o sotaque escocês, daí ouvir as vozes da Rose e da Jackie (que ele faz com uma precisão de deixar de queixo caído, diga-se de passagem) e ainda de lambuja ouvir o Doctor, na voz e no sotaque inglês do Doctor. E ouvir o David narrando o beijo Doctor/Rose da história é muito, mas muito bom mesmo.

Apenas mais uma coisa para eu ficar ainda mais vidrada em Doctor Who. Tudo bem, nunca fui muito normal mesmo.foto3