Começo já logo de cara esclarecendo algo muito importante sobre mim: não gosto de mudanças. O que pode parecer estranho, já que quem me conhece sabe que eu amo viajar, conhecer novos lugares, experimentar comidas diferentes… Parece lógico que para alguém assim, a mudança viria sempre bem-vinda, não é? Bem, comigo não é assim.
Prezo demais meu conforto, e mudar significa estar preparado para sair dessa zona de conforto que nos envolve. Não gosto de confrontações, não gosto de imprevisto, abomino imaginar situações em que tudo não aconteça de acordo com o meu roteiro, em que exista a simples possibilidade de tudo dar errado. Temo a hora em que as pessoas vão virar para mim e dizer “eu te avisei”. Odeio a ideia de que posso desapontar alguém.
Claro, isso tem tudo a ver com a minha ansiedade. Sou ansiosa ao extremo e passo horas imaginando absolutamente tudo o que pode dar errado. Calculo todas as possibilidades, e sempre para o pior. Acabo adiando tudo de importante que tenho que fazer porque simplesmente não consigo me acalmar o suficiente para sequer admitir que, ao contrário do que minha mente louca insiste em me dizer, as coisas podem dar certo sim.
Depois disso tudo, não é difícil entender toda a minha relutância em enfrentar uma das maiores mudanças na minha vida: quando eu passei num concurso público e tive que morar fora de casa. Eu tinha vinte anos, estava no terceiro ano da minha faculdade e tinha prestado alguns concursos, sem muita esperança de que realmente fosse passar em algum. Mas aconteceu e com a nomeação num cargo público veio a necessidade de ir morar em outra cidade e, mais do que isso, sair do conforto da casa dos meus pais.
Até então, tudo o que eu fazia não tinha efetivamente significado grandes mudanças: eu entrei numa faculdade pública perto de casa, nunca tinha morado em outra cidade, fazia estágio… Mas era tudo muito tranquilo. Nada tinha me obrigado a mudar tanto. Eu não sabia nem ao menos mexer com o caixa eletrônico.
Meus pais me incentivaram muito a assumir o cargo. Eles diziam que seria bom para mim, que a faculdade podia esperar, dava para trancar a matrícula, eu nem iria tão longe de casa assim, conseguiria vir para casa todo final de semana… Mas a minha imaginação já me colocava nas mais terríveis situações, onde eu não conseguiria atender às expectativas de todos, onde eu seria um completo fracasso, uma decepção total.
Mas a vida às vezes te dá uma rasteira e você não tem muita escolha. Nem mesmo minhas explosões de choro ou minhas noites em claro foram capazes de impedir a mudança e eu fui. Acabei caindo numa cidadezinha do interior que nunca tinha ouvido falar antes. E posso dizer?
Foi uma das melhores coisas que me aconteceram na vida.
O local onde eu acabei indo trabalhar não poderia ter sido melhor para alguém que mal sabia como cuidar de si mesma. As pessoas foram as melhores possíveis e tiveram muita paciência na minha adaptação. Fiz amizades que continuam até hoje, gente que eu sempre estou me lembrando com carinho e que faço questão de ver sempre que posso. Foi um aprendizado muito bom, sobre eu mesma, sobre o que eu conseguia fazer, que sim, eu posso.
Não sei onde estaria se não tivesse enfrentado o bicho de sete cabeças que essa nova etapa parecia para mim. Eu teria aprendido tanto? Talvez, porque hora ou outra eu teria que passar por esse tipo de situação. Mas que bom que aconteceu quando aconteceu.
Por isso, não posso deixar de frisar: sim, há momentos nas nossas vidas em que a mudança pode parecer medonha, mas ela é necessária. Eu não deixei de ter medo de mudanças ou de querer fugir delas sempre que possível, mas já estou um pouco mais confiante nesse sentido.
E quem sabe que mudanças virão nesse ano de 2016?
Siga o blog nas redes sociais:
Twitter | Facebook | Instagram
Skoob | Goodreads