Existem livros que você lê, acha engraçado, se identifica, uma ou outra parte você lembra em alguns momentos, mas é isso: ele vai ficando para trás e aos poucos acaba virando mais um. Mas também existem livros que você pode até não se identificar, mas que encontram um eco dentro de você que demora anos até que você consiga realmente absorver tudo o que você leu. Como Eu Era Antes de Você, o primeiro livro que eu li da Jojo Moyes, é um livro assim.
A primeira coisa que precisa ser dita sobre esse livro: sabe aquele ditado que diz que não se deve julgar um livro pela capa? Nunca foi tão verdade como com esse livro. Olhando a capa, você acha que é um romance, um desses chick-lit do tipo que a gente ama ler. Na verdade, esse livro é muito mais que isso, e o tema que ele aborda é um tema polêmico.
O livro conta a história de Louisa Clark, a Lou, uma jovem de vinte e seis anos que parece feliz com o emprego em uma cafeteria perto de sua casa – que é o salário que sustenta sua família inteira, com o namorado Patrick que ultimamente só quer saber de treinar para corridas, e com a vida corriqueira de sua cidadezinha. Seu mundo parece ruir quando o local onde trabalha fecha e ela tem que procurar outro emprego.
Após tentativas mal-sucedidas em redes de fast food e outros empregos do gênero, Lou acaba aceitando um emprego temporário de seis meses como cuidadora de Will Traynor, um homem que ficou tetraplégico após um acidente automobilístico. Antes do acidente, Will era um grande empresário e vivia uma vida cheia de viagens a países exóticos e esportes radicais. Como já era de se imaginar, Will não é uma pessoa feliz: ele tem movimento muito limitado das mãos e braços, o suficiente para conseguir dirigir sua cadeira de rodas, sofre com espasmos aleatórios dos braços e pernas, tem que tomar os mais variados remédios para a pressão e para dor, não consegue nem se alimentar sozinho…
A história de como os dois vão se conhecendo e mudando um a maneira de ver do outro é muito interessante: enquanto Lou tenta fazer com que Will se abra para o mundo exterior e tente fazer coisas diferentes, mesmo preso à uma cadeira de rodas, Will não se conforma que a mulher que ele vê todos os dias, usando roupas extremamente coloridas e extravagantes, esteja tão acomodada e ache que a sua rotina de todos os dias é tudo o que existe no mundo.
Mais para o meio do livro a gente entende porque Lou foi contratada apenas por seis meses: esse é o tempo que Will aceitou esperar, pelos seus pais, antes de ser levado à Dignitas, um grupo suíço que promove assistência ao suicídio. Will já tinha tentado o suicídio antes, e depois da tentativa frustrada fez o pacto com sua mãe.
Lou então se dá uma missão: fazer, nesses seis meses , com que Will desista da idéia. Para isso, ela começa a tirá-lo de casa e a envolvê-lo em atividades novas, algumas dão certo, outras são catástrofes totais. Will também vai lhe apresentando um mundo totalmente novo, fazendo com que ela assista filmes estrangeiros com legendas, ou que leia livros que nunca pensaria em ler antes, ou discutindo com ela as notícias do mundo.
O tema que o livro toca, do suicídio assistido, ou qualquer forma de eutanásia, é sempre algo polêmico. Afinal, a pessoa tem o direito de escolher quando e como morrer? No Brasil, a Constituição coloca como direito fundamental a vida, mas também a dignidade da pessoa humana. Num caso como o de Will, será que podemos dizer que ele estava vivendo uma vida digna?
O livro ganha pontos por mostrar todos os lados da história. Muito embora a maior parte dos capítulos seja do ponto de vista da Lou, alguns personagens chaves ganham um capítulo cada um para contar o seu lado da história, com o próprio Will abrindo o livro, os pais dele, cada um explicando seu ponto, o Nathan, que é o enfermeiro de Will, e a Katrina (que todo mundo chama de Treena) que é a irmã da Lou.
Como faço pra ler este livro?Li até a página 287, mas só que agora não consigo mais abrir a página.
Você diz por causa de toda a emoção que a gente sente? Olha, eu vou te contar que também quase coloquei o livro no freezer, como eu costumo dizer dos livros que eu paro de ler na metade. Mas esse valeu a pena eu ter perseverado, mesmo que tenha sido algo bem emocionante. Coragem!
[…] um dos livros que mais me fez chorar na vida. Eu sei que chorei lendo A Culpa é das Estrelas ou Como Eu Era Antes de Você, mas com esse livro, o choro foi diferente. Aqui, o choro foi mais de emoção ao perceber a […]