A season finale de Doctor Who vinha com duas grandes promessas feitas por Steven Moffat, o head writer e autor desse episódio: a solução do mistério da Clara Oswald, e a revelação do maior segredo do Doctor. Muita coisa para um episódio só? Talvez. A pergunta que ficou é: ele conseguiu? ATENÇÃO: MUITOS SPOILERS A SEGUIR!
Tenho alguns problemas com episódios escritos pelo Moffat e na maioria deles saio frustrada, achando que faltou alguma coisa ou que algum ponto não ficou bem explicado… Nesse episódio, não tive essa sensação. E isso pra mim já valeu meio episódio.
Quando o Doctor finalmente vai para Trenzalore, o lugar que ele nunca poderia ir, eu até esperava uma grande fanfarra: o Moffat tem esse estilo, de querer fazer tudo ao mesmo tempo, e as coisas ficam tão fantásticas que a história se perde no meio de tantos efeitos especiais e monstros e diálogos de efeito que não contribuem pra muita coisa. Porém, nessa finale, foi diferente. Até a introdução foi feita de maneira mais direta, com a Madame Vastra convocando uma conferência nos sonhos das pessoas. Pode parecer estranho, mas para Doctor Who, isso é algo simples.
O que leva o Doctor até Trenzalore, mesmo sabendo que é o único lugar onde ele nunca deve ir, também é um motivo sem enrolações: os seus amigos estão sendo sequestrados e ele deve ir para lá para salvá-los. Chegando lá, descobrimos seu túmulo: uma TARDIS enorme, onde o “maior por dentro” está vazando para fora, algo que, como o Doctor mesmo explica, pode acontecer quando a TARDIS está morrendo.
Muita gente comentou que isso vai de frente ao Doctor em Parting of the Ways pedindo para a Rose deixar a TARDIS em algum lugar em Londres, para que ela morresse, afinal as pessoas iriam perceber se ela crescesse. Mas vou defender o Moffat nesse momento (algo que nunca pensei que ia fazer – na maioria das vezes sou a pessoa criticando ele) e dizer que: 1. O Doctor fala que isso acontece às vezes e 2. Acho muito mais provável que acontecesse em momentos de batalha, como é o que aparentemente aconteceu na morte do Doctor em Trenzalore, do que se a TARDIS simplesmente fosse abandonada. Mas isso sou eu, achando.
Há também a questão River, que nesse episódio apareceu em sua versão pós-Library, ou seja, a consciência que o Doctor salvou dentro da CAL, o sistema da maior biblioteca do universo. Ela aparece em Trenzalore graças a um link que mantém com a Clara após a conferência iniciada por Madame Vastra, e o Doctor não poderia vê-la (spoiler: ele pode, mas finge que não).
É essa versão da River que fala o nome do Doctor para que a TARDIS abra a porta de seu túmulo (e por dois segundos, todo mundo acha que o nome dele é “Please”). Dentro, descobrimos que o que foi ali enterrado não é o corpo do Doctor, mas sim o rastro de suas viagens pelo tempo, que funciona como uma ferida para toda a vida do Doctor.
Assim, para derrotar o Doctor, o Great Intelligence (que a gente já conheceu em The Snowmen e em The Bells of Saint John e que é, basicamente, informação) entre no timestream dele para transformar cada uma de suas vitórias em derrota. Achei todo esse conceito bastante interessante, já que a explicação para a Clara vem em seguida: para impedir que o Great Intelligence derrote o Doctor, ela também entra no timestream, e assim ela se desintegra em milhões de Clara, espalhadas pela vida do Doctor, apenas ecos de quem ela é, que nascem, vivem e morrem apenas para salvá-lo.
Assim, a Oswin Oswald e a Clara Oswin Oswald eram apenas ecos da Clara Oswald que nasceram, viveram e morreram para salvá-lo. Como ela mesmo explica, na maior parte das vezes, ele nem a ouve, nem a vê, mas o único propósito dela é salvar o Doctor, todas as vezes que o Great Intelligence faz o impossível para garantir que ele não saia vitorioso.
Talvez essa idéia seja arriscada, mas acho que dentro do universo Who, faz sentido. Explica perfeitamente as Claras de antes, de uma forma só aceitável em Doctor Who. E depois, eu amei ver Gallifrey, por exemplo, e as várias pequenas cenas da Clara passeando ao longo das vidas do Doctor… ficou legal, uma maneira de lembrar que já tivemos onze atores diferentes interpretando esse personagem ao longo dos 50 anos da série.
E a River, nessa história toda? Ela tenta impedir que a Clara entre no timestream do Doctor (e a Clara vai mesmo assim) e por fim tenta, em seu modo delicado de ser, tascar-lhe um tapa para impedir que ele vá atrás da Clara. É aí que ele revela que consegue vê-la, e que não tinha conversado com ela antes porque isso o machucaria.
Eu nunca fui exatamente fã do casal Doctor/River. Nunca me convenceu a relação dos dois, foi uma coisa que me contaram que aconteceu ao invés de me mostrar como que aconteceu. Mas devo admitir que gostei do diálogo entre os dois ali, e da chance que a River teve de ter o Doctor dizendo seu adeus para ela. Porque quando a River morre, fisicamente, na Library, o Doctor que se despede dela é um Doctor que acabou de conhecê-la.
Uma vida inteira dedicada a ele, todas as vezes que ela o ajudou, todas as vezes que os dois correram juntos… e o Décimo Doctor não viveu tudo isso. Ele fica triste com a morte dela, sim, e a salva quando entende o porquê do seu futuro eu ter lhe dado a sonic screwdriver, mas ele só sente tristeza pela perda de uma possibilidade. A River merecia um adeus do Doctor que sabe tudo o que eles passaram juntos, que sabe exatamente quem ela é e de onde ela surgiu. Ela também merecia o beijo dele.
No fim do episódio, o Doctor entra no seu próprio timestream para salvar a Clara, e aí nós descobrimos realmente porque o episódio se chama “The Name of the Doctor”: essa é a promessa que um de seus eus quebrou. Alguém que ele diz que é ele, mas que não é o Doctor. Alguém que cometeu algum ato desprezível em nome da paz e da sanidade, mas não no nome do Doctor. O episódio acaba com John Hurt sendo apresentado como o Doctor.
Qual Doctor? Seria uma incarnação entre a oitava e nona, que lutou na Time War? Seria ele antes de escolher para si o nome de Doctor, alguém que quebrou a promessa? Ninguém sabe, isso é algo que só vai ser revelado no Especial de 50 anos do show em Novembro.
Muitas teorias rondam a web e os sites dedicados a Doctor Who sobre o Especial. E aí, será que já é Novembro?
Eu tambem concordo mas na verdade quem quebrou a promessa foi a regeneraçao´do doutor foi entre a 10 e 11
[…] The Name of the Doctor, achei que a River Song não deveria voltar, porque o seu final ali foi bastante decisivo e tinha […]