O episódio do último sábado de Doctor Who, escrito por Mark Gatiss, teve uma estrutura totalmente diferente de um episódio regular. Foi, em muitos sentidos, um episódio que revolucionou a maneira de se contar uma história em Doctor Who. Mas infelizmente muitos, mas muitos problemas acabaram com qualquer novidade que o episódio poderia apresentar. Quer saber por que? Clica no “Continuar lendo” para ver os spoilers. Esse post poderia começar com um recadinho para o Mark Gatiss:
“Querido Mark,
não se pode ter tudo. Você é um homem de muitos talentos. Escrever episódios para Doctor Who não é um deles. Encontre outro hobby.
Com amor,
O Fandom”
Sim, eu entendo. Esse foi um episódio que trouxe algo novo para Doctor Who, e muitas das resenhas que eu li tentam salvar ele por isso. Mas a verdade é que não dá para simplesmente dizer que por ter se utilizado de metalinguagem, por se utilizar de um novo método para contar a história (o found footage, que se popularizou nos anos 80 e basicamente quer dizer ‘filmagem encontrada’), a história possa deixar de ser desenvolvida ou de ter sentido.
Sim, Sleep No More é ruim desse jeito. E se esconde atrás dos cortes das cenas e das filmagens através de câmeras escondidas e de diferentes pontos de vista para disfarçar a falta de enredo.
O grande problema é que, num episódio que brinca com o suspense como esse fez, cria-se uma expectativa de algo brilhante e horrendo no final. O que não aconteceu.
Basicamente, a história se passa numa estação que parou de dar qualquer sinal há 24 horas. Uma equipe de resgate é chamada para entender o que aconteceu e resgatar a tripulação. Ao chegar na estação, ela está completamente vazia, a não ser por dois estranhos. Adivinha quem?
Porém, logo a equipe de resgate e o Doctor e a Clara percebem que existe algo mais com eles na estação. São monstros horrendos. Eles se escondem então num laboratório onde encontram o cientista maluco/vilão da história, Rassmussem, que estava ali para implementar as máquinas Morpheus, que basicamente tiram do ser humano a necessidade de dormir.
O Doctor logo cria uma teoria de que os monstros são feitos de poeira do sono, que ele descreve como aquilo que você tira dos cantos dos olhos quando acorda. Ou seja, Doctor Who acaba de introduzir em sua longa e estranha lista de monstros um feito de remela.
Vou deixar vocês refletirem sobre o assunto.
A partir daí as coisas só pioram, seja ao ponto de o Doctor descobrir que essa poeira do sono está em todo lugar, filmando; que a Clara também virou uma câmera ambulante quando a máquina Morpheus a ataca e compulsivamente faz com que ela use – algo que sequer é desenvolvido ao fim da história, já que a Clara e nada nesse episódio deu na mesma; e que tudo tinha sido um plano maligno de Rassmussem para levar essa nova espécie para um planeta povoado e assim começar a acabar com a vida humana, porque eles o convenceram de que eram a evolução.
Apesar de tudo, alguns pontos positivos existiram nesse episódio: tivemos a primeira atriz transexual a participar de um episódio de Doctor Who, Bethany Black, que interpretou a integrante da equipe de resgate 474. Também é interessante a ideia de que no século 38 as pessoas querem poder se livrar das horas que gastam dormindo para utilizá-las fazendo outras coisas. Ou que a Índia e o Japão se uniram devido a um desastre geográfico. Gostei também das citações de Shakespeare e da maneira como elas foram usadas. Ou seja, nem tudo foi tão ruim.
Mas no fim das contas, faltou história mesmo. Não dá para dizer que todas as perguntas foram respondidas, ou que mesmo as respostas que tivemos são boas (na maioria das vezes, elas são somente bobas). E não foi um episódio que eu queria saber o que ia acontecer no final. Simplesmente não foi interessante o suficiente. E acho que num episódio com essa estrutura, manter o espectador curioso é essencial, é no que se baseia toda a maneira de se contar a história.
O desfecho, onde você teria que ser surpreendido por uma reviravolta, é no mínimo risível. Não deu, Gatiss. A gente podia ter passado sem essa.
Oi, Mari!
Que bom que você achou alguma coisa que se aproveite nesse episódio. Eu não achei.
Assisti com meus filhos. Chegou ao final, nos olhamos e dissemos, hein? Que porcaria!
Aí você descobriu a razão: Mark Gatiss. Realmente, deixe-o com Sherlock que dá mais certo…
Hahahahaha… olha, eu tive que me esforçar MUITO para encontrar pontos positivos, porque senão, esse post ia ser só “Mas que porcaria foi essa?”. Sério, Gatiss, você é muito talentoso, mas seus episódios de Doctor Who… pouquíssimos se salvam.